30.1.08

Para ser Grande, sê Inteiro

Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Ricardo Reis



[Ricardo Reis é um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Pessoa foi um dos mais importantes poetas de Portugal. Nascido no século XIX, teve uma vida bastante discreta, passando por várias profissões. Do jornalismo ao comércio, o poeta deixou ao Mundo obras como o Livro do Desassosego e Mensagem.]

Imagem: Retrato de Fernando Pessoa, de Almada Negreiros. Actualmente, encontra-se no Museu da Cidade, em Lisboa.


17 comentários:

Soledade disse...

Nem sei que dizer, Sofia. Justamente esta belíssima ode de Ricardo Reis - é toda uma lição de vida, um "caminho".
Foi uma surpresa e um prazer ler aqui *este* Fernando Pessoa em particular!

Valter disse...

"Põe quanto és no mínimo que fazes": que sabedoria!
Se agissemos em conformidade com esta lição, de certeza que seríamos mais felizes!

Sofia disse...

Exacto stor! A frase que destacou é a minha preferida. De facto, transmite uma mensagem imensa. Constitui um lema de vida adaptável a todos nós que tornaria o mundo muito melhor!

helena disse...

Soledade fala de lição de vida,
Valter fala de sermos felizes,
Sofia quer o seu/nosso mundo muito melhor,
eu cito uma frase de um poeta que não conheço mas que me apetece mesmo partilhar:
" É preciso mesmo tentar ser feliz, nem que seja apenas para dar o exemplo"Jacques Prévert
helena

Anónimo disse...

No blogue pessoal da vossa colega Adriana Policarpo, que também publicou este poema, teceram-se comentários muito interessantes acerca do poema. Experimentem cruzar informação :)

Soledade disse...

O anónimo acima sou eu :-O

luísa Rocha disse...

Sofia:
Deixo-lhe os primeiros versos de um dos grandes poemas do grande Álvaro de Campos

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

É bom saber que há alunos que gostam de poesia. Um beijinho da professora Luísa Rocha

Anónimo disse...

Já o disse por diversas vezes, mas não me importo de repetir: Fernando Pessoa (no seu todo - ortonimo, heterónimos e semi-heterónimo.) é sem dúvida alguma o meu poeta de eleição e provavelmente o merecedor do primeiro lugar no top das minhas preferências.
Apesar de Ricardo Reis e Alberto Caeiro não serem de todo os meus preferidos, pois não são aqueles com que mais me identifico, aprecio alguns dos seus poemas.
Sem dúvida alguma que Álvaro de Campos é o que mais me fascina, à parte da sua fase futurista. Não querendo tirar o valor da escrita do poeta nessa fase.
Bernardo Soares, menos conhecido e estudado, é magnifico para quem tem a capacidade de o compreender e aceitar.
Mas, relativamente ao poema apresentado digo que é, para mim, o melhor poema de Ricardo Reis. Com uma mensagem estrondosamente forte, deveria ser tida em conta por grande parte das pessoas, visto que vevemos cada vez mais num mundo de farsas e conveniencias onde cada pessoa se tenta esconder cada vez mais.

Não me alongo mais sobre este assunto. Aproveito apenas para dizer que gostei do blog apresentado pela vossa turma. Continuação de um bom trabalho.

Soledade disse...

Cláudia, Pessoa é tantos que é difícil escolher. Mas entendo muito bem o teu fascínio por Campos. Também tenho uma relação especial com ele.

Obrigada pela opinião e informações que nos deixas. Espero que o 11ºD se deixe contagiar pelo teu entusiasmo e que no próximo ano "agarre" assim a poesia de Fernando Pessoa.

Retribuo os votos de bom trabalho ao 12ºA. O alter ego Benedita vai de vento em popa e cheio de garra! Continuem!

Soledade disse...

Luísa,é bom ter-te entre nós. Espero que no próximo ano tenhamos alguns entusiastas da Tabacaria entre a gente do Humanitas :)

Anónimo disse...

Hmm... Agradeço o comentário em forma de resposta que me direcionou professora Soledade e aproveito para lhe retribuir com uma resposta.

Fernando Pessoa dificil de escolher ? Não diria a 'coisa' por essas palavras. Pelo menos num sentido generalizado, fazendo regra, isto porque, Fernando Pessoa é compreendido, aceite, (...) adorado, apreciado, de forma simples e bem clara, a partir do momento em que a pessoa que se depara com a sua obra se conhece [relativamente] bem.
O bom auto-conhecimento facilita a identificação com um dos 'Pessoas', daí a preferência por um deles.
Claro que com isto não vou também fazer uma regra, porque à realmente uma excepção. Excepção essa que são aqueles que por algum motivo não gostam, pura e simplesmente, de poesia.

Digo também que é completamente compreensivel que alguns alunos vão para o 12º ano com um pé atrás relativamente a Fernado Pessoa e à poesia em geral, pois parece um bicho de sete cabeças.
No entanto, depois de alguns poemas analisados, surgem as primeiras caracteristicas em comum que levam realmente a um enorme fascinio pela sua obra. Não condeno quem não partilhe desta mesma opinião.
Gostos não se discutem [mas apenas porque dá imenso trabalho para os homens].

Agradeço também os votos deixados pela professora para o nosso projecto.

Sofia disse...

Obrigada pelos comentários professora Luísa :) De facto, Pessoa é único!
Obrigada Cláudia, compreendo o teu fascínio por este poeta, tão adorado!
Um beijinho

Anónimo disse...

Ora essa ! De nada Sofia. ;D

Soledade disse...

Cláudia, disseste: "gostos não se discutem" - ah, discutem, pois! Dá é "imenso trabalho" discuti-los, como bem dizes :)

Valter disse...

Olhem que me passou ao lado um debate! Como é isso possível? :)

Cláudia, as opiniões discutem-se, precisamente porque em cada opinião está a tradução racional de uma emoção ou gosto. Daqui se infere que também os gostos se discutem.

Se os gostos ou as opiniões não se discutissem, teríamos de aceitar que todos nós seríamos infalíveis.
Dado que não somos infalíveis e nos enganamos muitas vezes no que toca a gostos, portanto, os gostos e as opiniões discutem-se.

Já agora, 11º D, isto é um modus ponens ou modus tollens? :)

Tenho uma devoção por Caeiro, o argonauta das sensações. Por outro lado, Campos, e histeria musical de uma máquina que não pára de produzir pensamentos.
Luísa, "A Tabacaria", ... que dizer! Dos meus preferidos, embora fique sempre dividido quando leio o "Lisbon Revisited".

Depois, Bernardo Soares, desse nem falo. Porque como se costuma dizer, diz-me do que gostas, dir-te-ei quem és! Oh, autobiografia sem factos, quanta sintonia!


Um abraço a todos

David Duarte disse...

Claudia Belo,

Diria mesmo, correndo o risco de cair no exagero, que todo o Pessoa cabe no Bernardo Soares. Se excluirmos as cartas pessoanas, o fenomeno da heteronimia encontra-se explicado na pluma do Bernardo Soares. E não é por acaso que ele é o semi-heteronimo, aquele cuja personalidade, não sendo a de Pessoa, não difere essencialmente dela, como confessa Pessoa a Armando Cortes Rodrigues numa carta.

O Bernardo Soares nao é muito lido em Portugal, se exceptuarmos o Gil e o Lourenço, mas é através dele que Pessoa é conhecido em França. O livro mais lido é o Livro do Desassossego, traduzido sob o titulo Le Livre de l'Intranquillité. Simples curiosidade. A palavra intranquillité não existia em França antes da tradução do livro do Soares.

Cumprimentos

Valter disse...

Olá David,

Agradeço-te os teus sempre lúcidos esclarecimentos! E sobretudo no que toca a Fernando Pessoa, já que o tens estudado do ponto de vista filosófico.

Desconhecia a curiosidade sobre a tradução do "Livro do Desassossego".

Um abraço e continuação de um bom trabalho! :)