25.4.08

Liberdade


Num dia em que se celebra a conquista da liberdade a vários níveis, parece-me relevante reflectir acerca daquela que temos hoje em dia. É impossível falar do 25 de Abril sem recorrer às personagens da nossa história que deram a vida por este direito que actualmente nos é concedido. Não chegará dizer obrigado nem outro tipo de agradecimento. Por muitas honras que entreguemos, parece-me óbvio que a única que será válida tratar-se-á da conservação desta esperança.

Apesar de constituir uma questão à qual a resposta não é esperada nem definitiva: "teremos, nós, liberdade?"

Inseridos numa sociedade onde predominam as regras e as normas sociais, é-nos difícil "pisar o risco" e testar a nossa liberdade e autonomia. Olhados de lado, comentados na rua. Tudo serve actualmente para condenar alguém que não respeite as obrigações que viver civilizadamente nos impõe.

" Vivemos num país livre. "

Frase inválida. Sempre que ligamos a televisão ou abrimos a página do jornal aparece um escândalo novo na comunicação social. Alguém que quebrou as regras do jogo, que foi diferente, que foi livre. No entanto, se compararmos as circunstâncias actuais com aquelas vividas no Estado Novo...

Publicar um livro sem a leitura prévia do Estado? Era impossível. Expressar as suas opiniões com a vizinha? A PIDE estava em todo o lado. Querer melhorar o país indo contra as políticas estatais? Era considerado crime.

Nada disto acontece hoje em dia. De facto, em parte, somos um país livre. E se o somos, é à Revolução dos Cravos que o devemos. Viva a Liberdade!

Deixo-vos com a música " E depois do Adeus", do grande Paulo de Carvalho, que sugiro que recordem:
http://www.youtube.com/watch?v=lUb8tVPVHpI

10 comentários:

helena disse...

Sofia

Quando se verifica que a maior parte da população jovem não quer saber da política, é bom saber que tu sabes o que foi o 25 de Abril de 1974 e aqui nos colocas questões sobre a liberdade.
Aproveitem este sol em liberdade!

helena

Valter disse...

Olá Sofia! Que a memória do 25 de Abril e das suas conquistas não se esvaneça nos solavancos do tempo.

Cada vez mais se nota nos jovens uma indiferença assustadora face ao que os rodeia. Eis o grande paradoxo do nosso tempo: nada nos escapa, pois a comunicação social faz a cobertura de todos os acontecimentos, o sistema "sms" permite-nos partilhar todas as informações, as caixas de correio electrónico e o MSN esgotam a nossa curiosidade, pois tudo o que é ausente se torna presente. No entanto, trata-se de uma presença virtual. "Vivemos no deserto do real", como dizia a personagem do filme "Matrix", Morpheus, a Neo. O real vê-se substituído pelo virtual. E é aqui que reside o grande paradoxo dos nossos dias: estamos informados de tudo por todos os meios, mas cada vez mais indiferentes em relação à nossa história, à nossa identidade, à nossa cidadania, aos nossos deveres, à legitimidade dos nossos actos, ...

Mas as palavras de Stuart Mill sobre a liberdade de expressão (lembram-se desse texto?) são cada vez mais imperativas. Até podemos ter liberdade, mas o mais difícil é não a perder! E o grande desafio das novas gerações será o de evitar perder a liberdade.
Um abraço a todos!

Anónimo disse...

Obrigada pelos comentários! :)

De facto stôra, é triste saber que muitos dos portugueses não sabem o significado deste dia. Faz-nos pensar que não dão o devido valor a esta liberdade, tão preciosa!

Stôr Valter, é verdade que as Novas Tecnologias nos fazem ter acesso a tanto. Mas, no entanto, a tão pouco. Não nos podemos esquecer de que nós apenas temos acesso à informação que queremos que nos seja dirigida. Tudo o resto, nos passará ao lado. E, aproveitando o que a stora Helena referiu, os jovens cada menos se interessam pela política. Sendo assim, não a procuram . Isso também faz com que ganhe um certo medo deste futuro que se avizinha. Sem interesse por questões deste género, vai ser incrivelmente difícil colocar os Homens de amanhã a lutar pela liberdade que hoje nos pode parecer garantida. No entanto, ninguém sabe o futuro que nos espera. E, sinceramente, não me parece que estejamos preparados para o enfrentar! :)

Boa semana!

Valter disse...

Pois é Sofia, eu também não estou muito optimista! Felizmente as jornadas parlamentares em Alcobaça fizeram-me confiar mais nos jovens e acreditar que há jovens com bastante carisma político, além de capacidade de argumentação! :)

Bom resto de semana

'stracci disse...

Resta agora que cada cidadão tenha o dia 25 de Abril de 1974 como um exemplo bem presente do que foi a luta de tantos portugueses para alcançarem os seus ideais e tenha espírito crítico e de iniciativa, caso sejam necessárias outras revoluções.

Esta nova modalidade do 'sofázismo' com certeza não contribuirá para conservar e pazer proliferar a nossa tão preciosa Liberdade, pois é importante que cada um de nós participe activamente na política do nosso país, em vez de continuar de comando na mão à espera que os outros decidam por nós.

Bom, já me estou a desviar do assunto, contudo parece.me oportuno discutir isto, também a propósito da preocupação que o Sr. Presidente da República demonstrou relativamente ao afastamento dos jovens (e não só!) da política.

Continuação de bom trabalho! ;D

Carla disse...

Sofia... Realmente é triste constatar a aversão dos jovens a tudo o que se ligue à política, ao Governo e ao Estado. Talvez falte a consciência de que amanhã já não seremos mais jovens e de que, se não tomarmos uma posição crítica sobre o que nos rodeia, podemos cair, no futuro, numa ditadura semelhante à do Estado Novo. Um "ordena", os outros respeitam acriticamente.

Concordo plenamente com o stôr Valter. De facto, há um extremo "paradoxo" entre tudo o que nos chega de uma forma tão rápida e um paralelo desinteresse que se verifica.

Eu questiono-me, sobretudo, com questões relacionadas com o papel da escola. O que é que acontecerá a tantos que a desprezam... só consigo pensar: qual será o seu futuro? E o do país?...Caminharemos, nós, para uma recessão?

Em inícios do século XXI, com um crescente interesse em questões ligadas à "união" do espaço Europeu, eliminando fronteiras, permitindo um comércio mais alargado, não deveriam também circular livremente ideias e paradigmas das sociedades mais organizadas, tentando igualá-las no nosso país…

Há debates públicos, todavia, não são abertos a todos os cidadãos, assim, como poderemos nós afirmar que os nossos interesses estão a ser defendidos? E quanto ao papel dos políticos? Com uma imagem cada vez mais denegrida, sem qualquer fidelidade, como podem os cidadãos sentirem-se confiantes?

Gostei muito do teu texto! Um beijinho*

Anónimo disse...

Muito bem se reflecte aqui! Parabéns a todos, em especial à Sofia e à Carla.

Soledade

Anónimo disse...

É um facto que cada vez exige menos confiança nos nossos políticos, Carla. Talvez seja exactamente por isso que a política atrai cada vez mais este povo que caminha para a decadência. Todos os jovens com quem falo diariamente os acham patéticos, incultos, completamente corruptos. Assim, de que forma dá para interessar?
Somos um povo comodista, e isso não dá para negar. Acomodámo-os a dizer: São péssimos, corruptos, não fazem nada para mudar isto. Dizem-se tantas coisas, tantas maldades. mas se olharmos para nós, será que fazemos melhor? Os jovens de hoje em dia nem querem saber. Os restantes portugueses, esquecem-se da pátria, da necessidade de a desenvolver. Queixas e mais queixas. mas motivação, sinceramente, nem vê-la. O dinheiro move montanhas e, infelizmente, quando esse não está metido no assunto em destaque, poucas são as intervenções. Basta o exemplo da educação, em que apenas os professores e alunos reagem, porque é apenas a esse que diz respeito. Os restantes, deixam-se estar, como se nada se passasse. Afinal, não é algo que lhes diga respeito. Pelo menos, por agora. O problema em questão será o futuro, que, por agora, me parece demasiado incerto para ser julgado. O que fazer? Está tudo nas nossas mãos. Duma população que nem quer saber.

Um beijinho!

Anónimo disse...

Na minha primeira intervenção neste espaço, registo a sua vivacidade e criatividade. Parabéns aos seus intervenientes.
Este tema, liberdade, é muito mais actual do que posso pensar.
Os direitos, todos eles, defendem-se exercendo-os e lutando por eles.
Concordo com a ideia de que somos " aprentemente livres" porque há muito que nos condiciona, mesmo que sem disso darmos conta.
Mas, nós jovens, estamos vigilantes.

Carla disse...

Concordo com as tuas palavras, Sofia. E de facto o povo português é muito comodista e, fazendo uma analogia entre a produtividade do trabalho dos portugueses e a de muitos outros estados europeus, estamos muitíssimo à margem. Referiste um aspecto interessante: o dinheiro e a corrupção. De facto, enquanto existir tanta corrupção no governo jamais poderemos aperfeiçoar a nossa democracia. Pensemos nos países mais pobres de África... Já viste o filme "O Fiel jardineiro"? Trata exactamente de uma questão que se prende com a corrupção e com o facto de todos os meios se justificarem para que se atinja um único fim: o Dinheiro. E quando falo de meios, estou a incluir a própria morte de centenas ou milhares de pessoas, pois a ambição do poder e da riqueza fala mais alto que qualquer valor moral e ético...

Um beijinho*