7.3.08

A vida - meditações pessimistas

O que é a vida senão um conjunto de dias que vão passando sem que nos apercebamos? Uns dias mais tristes que outros, as pessoas nem pensam no que devem fazer para melhorar as suas vidas, pois a vida já é tão rotineira que não temos mais nenhum objectivo senão passar um dia atrás do outro...E a vida vai passando.É um passatempo, nascemos a pensar que um dia vamos vamos morrer e tudo tem um fim. Chegamos à conclusão de que vivemos para nada, pois um dia tudo vai acabar...

Não há amigos verdadeiros, há sim, amigos de ocasião, amigos de festas, amigos da escola, amigos que nos desiludem... Os verdadeiros amigos não são aqueles que passam a mão no nosso ombro e dizem "isso vai passar, vais ver"; os verdadeiros dizem "salta mais esta pedra que eu ajudo-te". Por vezes pensamos que somos esses amigos que nunca desiludiram nem traíram, mas fizemos sempre alguma coisa que os magoou. Quando os problemas não são tratados na altura certa, quando não se dizem as verdades frente a frente... Desiludimos sempre alguém e mesmo com um pedido de desculpas, acabamos por cair no mesmo erro, o que não nos torna amigos verdadeiros. Mas somos seres humanos... Todos erramos.

O amor é um sentimento que se tem por outra ou outras pessoas. Todos amamos a nossa família e os que nos são mais próximos, mesmo que não sejam amigos verdadeiros, mas o amor por uma pessoa especial que vamos conhecendo aos bocadinhos, a vontade de estar com ela, de não querer sair nunca daquele momento especial, acaba com uma desilusão, ou porque sonhamos que é de uma forma e as coisas se desenrolam completamente ao contrário, ou porque as pessoas revelam o que nunca tinham revelado ser, ou porque esse amor não é correspondido, ou porque acabou o amor ou até mesmo porque o amor tem limites. O preconceito das pessoas, ou porque têm vergonha por gostar de alguém diferente do que é normal; porque é mais baixo ou mais alto, mais gordo ou mais magro ou mais bonito ou mais feio, tudo isto estraga o amor, e poucos sobrevivem a este obstáculo.

Não só no amor, mas também na vida social, o preconceito pode afectar muita gente. Por ser diferente, é-se excluído de um grupo. As pessoas pensam que por se ser de uma determinada maneira só se deve relacionar com as pessoas que lhes são idênticas, ou seja, num grupo têm de ser todos iguais e as pessoas diferentes devem ser excluídas.

Pior do que uma doença física é uma doença mental. A doença física trata-se com medicamentos, repouso ou até operações, mas por muito dolorosa que seja, não se compara com uma doença mental, porque, esta, mesmo estando a ser tratada, causa um sofrimento cuja única solução é a morte, é uma dor que não se consegue explicar, é impossível não pensar, tudo o que nos rodeia é mau, só nos causa angústia, vontade de gritar e acabar com tudo, é muito forte e penoso. As pessoas com doenças mentais não são compreendidas, a não ser por quem passa pelo mesmo, o que nem sempre acontece porque uns têm mais força do que outras para ultrapassar cada obstáculo que aparece, as razões dessas doenças são sempre diferentes e ninguém sabe avaliar a gravidade de cada situação.

De que serve nascer para sofrer e acabar por morrer? As situações boas da vida são derrotadas pelas más e chegamos à conclusão de que não vale a pena tanto sofrimento para que, no final, os nossos restos sejam depositados na terra, como se uma nova planta se cultivasse...


(Publicado por Sara)

21 comentários:

Anónimo disse...

Procuramos obras de pessoas com uma relação íntima com a Benedita, que se interessem por divulgar a sua arte num fórum, em simultâneo com o FestTeatro, aproveitando o interesse dos espectadores do Teatro para os fazer alargar os seus horizontes a outras artes.
Estamos já a contactar algumas pessoas que conhecemos, mas como não temos conhecimento de todas as que estão ligadas às artes aqui na Benedita, esperamos também a vossa ajuda na divulgação deste convite.

http://alter-ego.blogs.sapo.pt/21875.html

Divulguem, por favor.

Anónimo disse...

Na minha opinião todos nascemos para amar… Há pessoas que sabem amar na ausência, na distância onde o amor é dado a conta-gotas e outras que só sabem amar quando se encontram na presença dessas pessoas.
Felizmente há outras formas de amar. Só que são mais difíceis, custam a aprender e cansam-nos muito mais.
Ainda não encontrei em nenhum dicionário o verbo DAR como sinónimo de AMAR, mas talvez ainda não seja tarde. Isto porque, não vejo outra forma de amar que não a da partilha dos afectos.

Um grande amor nunca se faz sem entrega, e se não há entrega então é porque não há amor.

É como quem ama a vida: nunca tem medo de se entregar a ela, mesmo que isso lhe custe a sua própria existência.
Quem tem medo da vida e da vontade acaba por não viver. Eu só sei amar assim, com mãos estendidas.

Cristiana Santos

Danielafialho disse...

sara esta lindo mesmo
estou sem palavras ;)

mas sera que tens razao?
acho que vale sempre a pena viver
beijinho*

Valter disse...

Sara, conseguiste fazer com que a minha voz ficasse embargada! Neste teu desabafo, seja ele auto-biográfico ou não, isso é irrelevante, pois as palavras valem por si mesmas e não pelos contextos em que se querem ver as coisas, li algo que só se diz quando se tem coragem para o dizer. E essa coragem vem da força da vida, que corre nas veias, mesmo que a intensidade dessa força nem sempre se sinta. Li a desconstrução de uma série de preconceitos que se enraizam nas pessoas e, infundadamente, todos se julgam felizes ao agirem em conformidade com esses princípios.

Filosoficamente, és uma existencialista. Pois para este movimento, o problema essencial será o de tentar saber por que razão deve a vida ser vivida. Estes desabafos necessitam de ser lidos, mas também necessitam de ser compreendidos. POr isso, como nunca ninguém pensa sozinho, nem ninguém tem sentimentos que só a si digam respeito, aconselho-te a leitura de dois romances que tocam nestes e noutros problemas:
1. "O estrangeiro", Albert Camus
2. "A condição humana", André Malraux.
Experimenta ler as vozes de outros com mais experiência, que a leitura é sempre, ou quase sempre, um consolo e uma forma de descobrirmos que não estamos sós no mundo, que, vivo ou morto, houve quem pensasse melhor do que "eu" nestas coisas!

Obrigado pela partilha!

Anónimo disse...

Arrepiei-me toda quando comecei a ler. De facto, a vida é uma coisa que nunca saberemos para que existe. Uns vivem-na com intensidade, outros nao tanto. Ou porque nao lhes permitem ou porque nao têm esse desejo. Nunca poderemos descobrir se estamos a encará-la da melhor forma ou não porque o nosso fim será sempre o mesmo - a morte. Os bons não se destacam dos maus no fim, como acontece nos desenhos animados que fomos habituados a ver quando eramos crianças. Aqui, nada parece ser dignamente recompensado. Um sorriso ou uma lágrima de esperança acaba por ser sempre o melhor que se pode receber. Mas, para onde vai tudo isso quando se morre? Na altura da morte, todos somos encarados como mais um. É possível que sejamos recompensados após falecer mas, de que nos vale? Acabamos por não assistir, não presenciar, não.. nada.
Ser feliz. para quê? Nunca sabemos quando a felicidade acabará ou se é essa a felicidade que nos está destinada.
Adorei o texto, :) Tocou-me.
Um beijinho!

Anónimo disse...

Boa Noite :)
Obrigada a todos pelos comentários!
Pensei muito antes de publicar este texto, achei que se o publicasse o iam achar muito dramático, e de facto é, mas tudo o que escrevi é sentido!
Não é um texto auto-biográfico, mas quem me conhece melhor sabe que tem muito de mim! Falo de coisas que sinto e sei que outros sentem, mas temos medo de falar e expor os problemas, por gozarem, por não compreenderem ou por não quererem compreender...
Podem não concordar com tudo, mas acho que individualmente cada um se identifica com uma parte do texto!

Obrigada pelas sugestões Stor!!

Beijinhos*

Sara Santos :)

Rafaela disse...

Este texto merecia ser relido mais uma vez depois das tantas vezes que já o li... e na verdade não me canso de o ler...por ser tão verdadeiro, tão real, tão pessoal, tão espectacular, tão magnífico, tão sentido... Sabes Sara por vezes gosto de ler estes sentimentos e estas verdades para pensar que se fosse a mim o que é que eu faria, ou o que é que sentia? Não sei, sinceramente a resposta...
É, de facto, muito fácil estar para qui a dizer umas coisas quando tudo isto nos é superficial, porque nos acontece realmente algum destes problemas, é como que uma morte interior...não é?
Isto tudo para dizer que adorei o teu texto e que adoro pensar nestas coisa, como já disse, quando não é sobre mim ou sobre a minha vida, porque aí já pensaria de outra maneira, concerteza...
Parabéns pelo teu texto... Também gostei imenso do do stôr Valter e do da Sofia, especialmente...Beijinho Sara e felicidades!

helena disse...

Sara
Parabéns!
Tu és muito corajosa pois mostras-nos o que pensas de temas que não discutimos muito publicamente.

Aos participantes neste debate, Cristiana Santos( que palavras tão lindas!...),Daniela, Valter, Sofia e Rafaela quero dizer que o vosso contributo é de uma grande sabedoria e humanidade. Obrigada.

helena

Soledade disse...

alterego, teremos gosto em apoiar a vossa iniciativa que me parece bem interessante. Amanhã converso com o 11D.

Soledade disse...

Sara, fquei contente por teres afinal decidido publicar o texto - não custou nada, como viste. E as palavras de retorno que recebes ampliam-no. Todos transportamos em nós o sinal da nossa estranheza: somos humanos.
Parabéns, Sara :)

'stracci disse...

Olá a todos!
Em primeiro lugar, gostaria de elogiar o vosso projecto - penso que a intersecção de todos estes assuntos, bem como das várias perspectivas de todos os participantes no blog, torna.se realmente interessante.
Em segundo lugar, dirijo.me à autora do post:

De facto, aquilo que por vezes parece tão fácil e natural acaba por se tornar inexplicavelmente complicado. Revelas uma perspectiva realmente pessimista em relação àquilo que te rodeia e à vida em geral. Provavelmente por más exemplos ou experiências que tens bem presentes ou por qualquer outro motivo, pareces encarar a vida 'de luto'. A minha sugestão é que tentes tirar partido de todos os pequenos aspectos positivos que, mesmo quase sem te dares conta, vão surgindo no teu dia.a.dia. O problema do ser humano, quanto a mim, é que ou é demasiado ambicioso ou é demasiado conformista. É preciso encontrar um meio termo e saber aproveitar bem o tempo que temos para pisar este chão; é essencial olhar para nós próprios e gostar daquilo que vemos. Estabelece pequenos (ou grandes!) objectivos e luto por eles: é uma forma de dares um sentido à tua vida e, quando os atingires, vais sentir que valeu a pena.
Força e ânimo! ;D

Anónimo disse...

Por vezes não é fácil falar sobre o que nos deixa mais tristes, mas os temas que falo são coisas que no dia-a-dia nos vão deixando mais em baixo...

Como já disse não é um texto pessoal, são apenas desabafos do que sinto (algumas coisas) e do que vejo os outros sentirem...Meditações Pessimistas!

Sim Rafaela, é como uma morte interior, quando não nos sentimos apoiados por aqueles que mais gostamos, quando tudo nos corre "ao lado"...mas são compensados quando nos dizem "salta mais esta pedra que eu ajudo-te", ou quando vimos que um simples texto faz pensar tanto!

Obrigada pelos comentários!

Anónimo disse...

*O comentário acima é meu! Sara :)

Juliana disse...

Oh minha SARA, gostei tanto do teu texto:D
Já sabes a minha opinião sobre o texto, é um texto feito de alma e coração. Como disse a stora de Salamé: a sara ta está cá toda descrita.

Como minha melhor amiga, dou-te todo o meu amor incondicionalmente!!
Sabes o que significas pa mim.

TU sim és uma verdadeira amiga.

"salta mais esta pedra que eu ajudo-te" - a nossa frase de eleiçao, a nossa frase.

vou continuar a dar-te todo o meu carinho, e vamos juntas ultrapassar todas barreiras complicadissimas desta vida!

:)

Anónimo disse...

Oh minha Ju! Tu sabes tudo o que eu penso, digo, não digo e devia dizer :P

Não, não to lá toda...

Para quem não sabe, foi a Juliana que me disse aquela frase que eu adoro, é sentida das tuas partes, de uma para a outra!

Adoro-te Juliana** e aproveito que toda a gente vem ver... Obrigada por me ajudares em tudo, por tares sempre ao meu lado, por me ajudares a ultrapassar as barreiras...
Sara

Juliana disse...

Fiquei imocionada...
Para que todos saibam, Sara, e um amor de pessoa, e não merece muitas das coisas que passa

:D

Anónimo disse...

Como já te tinha dito adorei o teu texto. É um texto muito sentido, muito emocionante e que dá muito que pensar, acho que qualquer pessoa que o leia não irá ficar indiferente, e como tu dizes nada é em vão.

Tens um coração muito grande e que por isso mesmo e mimado por toda gente =)

bjs adrt*
Liliana

Soledade disse...

'stracciatella, obrigada pela tua visita e pela pertinência do teu comentário. Gostei muito do teu espaço e apelo aos membros desta equipa para que passem pelo teu bloge: vale a pena!

Sara, creio que a 'stacciatella te dá alguns conselhos que devias escutar:)

Anónimo disse...

Boa tarde!
Sim, tomei bastante atenção ao cometário da 'stacciatella' e desde já agradeço pela sua participação!
Talvez já me tenha identificado com tudo o que escrevi mas isso já não acontece...sei que a vida é dificil e por vezes não encontramos um sentido para ela, mas aos poucos, e quando me sinto bm, encontro esse sentido... é só preciso encontrar esse sentido que por vezes não é facil!

obrigada pelos comentários :)

Sara

Anónimo disse...

O que nos leva a amar as novas pessoas que conhecemos é menos o cansaço que temos das velhas ou o prazer de mudar, do que o desgosto de não sermos bastante admirados pelos que nos conhecem demais e a esperança de sê-lo mais pelos que não nos conhecem tanto.
(La Rochefoucauld)

porque acho que tem algo que ver xD

gostei muito do teu texto sara, identifiquei-me bastante... infelizmente a sociedade de hoje cultiva esse tipo de sentimentos... as pessoas constroem cada vez mais muralhas em volta de si e quem as procura trespassar é incompreendido, como se fosse algo proibido...

parabéns pelo texto ^^

Anónimo disse...

Obrigada pelo comentário Natacha =D
beijinhos
Sara