5.6.08

Sociedade Civil por Michael Walzer - Comentário

Em defesa da sociedade civil, Michael Walzer afirma que “os cidadãos do estado democrático não são (…) criaturas auto-suficientes”, o que introduz a sua tese de que o Estado não chega para estimular o exercício da cidadania. Para Walzer, a solução está na criação de um espaço social, com associações alternativas, que possam ir ao encontro dos interesses e necessidades de maior importância para o cidadão, para que assim sinta que está a intervir numa matéria sobre a qual tem uma opinião formada, pois esta diz-lhe respeito.

É isso que defende quando diz que os cidadãos “têm de ser membros de algo, em lugares mais pequenos, mais acessíveis, menos exigentes e menos perigosos do que o estado moderno. Pois só em tais lugares adquirem competência política, aprendem a ganhar e a perder, aprendem a fazer concessões, amigos e aliados, e a explorar ideias oposicionistas”. Com este argumento, conclui que é através da sociedade civil que o cidadão deixará a passividade para se tornar cidadão consciente dos problemas sociais e activo na procura de soluções, de forma a fortalecer teorias sobre determinado tema e a procurar consensos, com o objectivo de melhorar as relações dentro da sociedade e entre a sociedade e o Estado.
Esta é uma teoria susceptível de surtir o efeito desejado na sociedade e no exercício da cidadania, pois se cada um se encontra defendido e representado por um grupo ou associação em que os seus direitos, deveres e objectivos saem da particularidade para a generalidade, quer local, quer mais global, o indivíduo pode descobrir que há causas e razões para lutar por aquilo que é importante para si e para a sua comunidade, por aquilo que realmente fará a diferença e melhorará o nível de vida e a realidade em que vive em sociedade. De facto, só em conjunto se podem confrontar as ideias e opiniões que contribuíram para a evolução do Estado, o que significa o exercício da cidadania, como forma representativa de todos os tipos de grupos, sociais, étnicos, religiosos, ou outros, para que se chegue a um equilíbrio saudável e respeitoso, em que ninguém se sinta excluído ou rebaixado.

2 comentários:

Soledade disse...

Muito bem, Natacha!

«o indivíduo pode descobrir que há causas e razões para lutar por aquilo que é importante para si e para a sua comunidade, por aquilo que realmente fará a diferença».

De facto às vezes cruzamos os braços por acharmos que a nossa acção não terá impacto. O Estado é algo tão abstracto, o mundo é tão vasto, a sociedade tão complexa, as causas dos problemas tão opacas e intrincadas!

No entanto, se encontrarmos na sociedade civil as áreas em que a nossa acção pode fazer-se sentir, se identificarmos os problemas e tomarmos parte activa na busca de soluções, estaremos sem dúvida a contribuir para uma sociedadee mais participada, «em que ninguém se sinta excluído ou rebaixado».

Boas férias, Natacha :-)

helena disse...

Natacha

Esta noite em frente ao Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, jovens de Instituições de Educação Especial e Reabilitação puderam desfilar e passar modelos, de forma saudável e respeitosa,acompanhados por jovens como a nossa Marisa que com o seu grupo de dança muito contribui para que a noite fosse de felicidade para quem tem muito menos que nós. Em conjunto conseguimos uma sociedade melhor"em que ninguém se sinta escluído ou rebaixado".

O teu texto está muito interessante.

helena