31.5.08

Filosofia na Cidade


O que é a Filosofia?

Muito sucintamente, a Filosofia, é uma actividade com a qual aprendemos a argumentar, que nos permite abandonar as atitudes dogmáticas e tomar uma atitude crítica. De facto, surgiu numa época em que os mitos entraram em decadência e em que as pessoas começaram a ter a necessidade de explicar as coisas, não através do divino, mas da razão.

Apesar de não lhe darmos o prestígio que merece, a Filosofia ainda tem uma grande importância nos dias de hoje. Esta actividade é, de facto, o motor de desenvolvimento da cidade, sem a qual esta estagnaria. Estes aglomerados populacionais, a que chamamos cidades, surgiram há milhares de anos, ainda na Antiguidade, conhecendo o seu auge na Grécia Antiga, onde foram designados por “polis”, centro da vida política e económica, o que ainda hoje se evidencia.

De facto, existe desde sempre uma relação directa entre cidade e política, e foi a palavra polis que deu origem à palavra política. É neste ponto que surge a Filosofia como motor de desenvolvimento da cidadania – “ideal normativo substancial de pertença e participação numa comunidade política” (Will Kymlicka, Cidadania). Pelo menos nas democracias, todos os cidadãos têm o direito e o dever de participar na vida política, e há necessidade de que os cidadãos tenham uma educação que envolva a Filosofia, com o objectivo de saberem argumentar, de forma a conseguirem discursar em público; de possuirem um espírito crítico que lhes permita tomar uma posição e, sobretudo, com o objectivo de conseguirem realizar uma reflexão pessoal sobre os diversos problemas que os rodeiam. De facto, já Platão defendia que a educação dos jovens cidadãos deveria ser guiada pela Filosofia, pois só assim conseguiriam governar bem e justamente.

Além disso, a Filosofia abre-nos a mente para os problemas não só políticos, mas também sociais, das grandes áreas urbanas, na medida em que nos permite fazer uma reflexão autónoma acerca do mundo que nos rodeia.
Assim, a Filosofia é, sem dúvida, uma disciplina indispensável para o funcionamento da cidadania, pois sem essa actividade a evolução citadina estagnava completamente.

5 comentários:

helena disse...

Que bela surpresa duas filósofas num só dia!

O "Mister" vai ficar todo orgulhoso e eu também estou!

Rita
A ligação que fazes, na tua reflexão, entre Filosofia e cidadania, por muito que se tente incutir, não há dúvida que só agora, e depois da abordagem nas aulas estás melhor preparada para o fazeres assim tão bem.

Parabéns para ti e para o teu professor.

helena

Anónimo disse...

Ritinha. :)
É natural que a disciplina da Filosofia seja tão importante para a cidadania. Afinal, em qualquer sociedade democrática nos é necessário a atitude crítica para conseguirmos analisar e distinguir hipóteses e políticas nas quais também nós temos uma palavra a dizer. No entanto, parece que está a ser desvalorizada cada vez mais. Não é verdade? Ache que só a nós, cidadãos, cabe a tarefa de mudar isso para garantir que continuaremos a ser educados visando a Filosofia como uma das bases para a continuação da democracia nos países liberais!
Gostei muito.
Um beijinho, bom fim de semana. :)

Carla disse...

Amiga! :D
De facto, fazes uma óptima reflexão sobre o papel da Filosofia no que respeita a pólis enquanto uma cidade-estado, com administração própria, e a vertente social da cidade, desde épocas tão remotas, como meados do século V a.C., até à época contemporânea. Desde sempre foi fundamental adoptar-se uma atitude crítica e reflexiva sobre o mundo e a realidade que nos rodeia de forma a aperfeiçoá-la. O estudo da Filosofia é, metaforicamente, um passaporte para que possamos desempenhar esse papel crítico da melhor maneira.

O teu texto recordou-me um mapa que o professor Valter colocou no moodle, penso que no ano passado. Esse mapa demonstrava que o estudo da Filosofia passou a ser obrigatório em todos os países no ano em que eles transitaram os seus regimes políticos para uma democracia. – (penso que era assim, se não estou em erra =S)

Parabéns pelo teu texto e, como referes no final, “a Filosofia é indispensável” para uma boa actuação cívica na sociedade e para o aperfeiçoamento desta última, impedindo-a de que estagne.

Valter disse...

Olá Rita! Boa entrada para dar início a estas pequenas reflexões sobre o tema "Filosofia na Cidade". A Carla lembrou-se e bem, do mapa que vos mostrei que apresentava o seguinte: a data que determinou a democratização de um país coincidiu com a criação de cursos de filosofia nas universidades.

A filosofia não é um assunto de um grupo de gente iluminada que não tem mais nada que fazer que pensar sobre os problemas que as outras ciências não sabem resolver. A filosofia, como serviu para vos mostrar neste último tema, é um modo de preparar os indivíduos a tornarem-se "cidadãos".

Reparem que o vosso projecto de turma tinha que ver com o problema das cidades (ao nível da geografia) e como este problema está, interdisciplinarmente, conectado com a filosofia. Pensar as cidades é também pensar nos que habitam as cidades, os cidadãos. Mas um cidadão não é apenas um corpo que habita a cidade. Filosoficamente, habitar a cidade, é fazer parte dela, existir um compromisso entre as partes da cidade e a própria cidade (não enquanto espaço de habitação, mas enquanto lugar de coabitação). A cidade é também um lugar de coabitação. Assim sendo, há que reflectir sobre o modo como se deve orientar essa coabitação, no sentido de garantir o bem-estar a todos e assegurar a "vida boa" .

Lembram-se da sentença aristotélica: "Quem for incapaz de se associar ou que não sente essa necessidade por causa da sua auto-suficiência, não faz parte de qualquer cidade, e será um bicho ou um deus.»?

Soledade disse...

E que posso acrescentar, depois dos comentários anteriores?
Muito bem, Rita! :)