2.6.08

Tolerância e Cidadania


Muitos foram aqueles que escreveram sobre a temática da tolerância e as suas contradições. John Locke e Stuart Mill desenvolveram as suas teorias e criticaram rigidamente a tolerância e a cidadania que daí provém.

Para John Locke, todos os cidadãos devem usufruir dos mesmos direitos. Defende que temos, como seres humanos, a liberdade de fazer, de acordo com a lei, que cada um, seja qual for o seu credo religioso, o possa livremente fazer no culto. Mostra-nos também na Carta Sobre a Tolerância, que escreveu em 1689, o seu descontentamento acerca da desigualdade e da rivalidade entre religiões, afirmando o seguinte: Se são autorizadas pessoas de uma convicção religiosa, porque não todas? Refere também que todas as pessoas que façam algo de errado num local religioso devem ser punidas da mesma forma que se acontecesse noutro local, na feira ou no mercado, por exemplo. Não foi a diversidade de opiniões (que não pode ser evitada), mas a recusa da tolerância para com os que são de opinião diferente que causou todas as lutas e guerras que tiveram lugar no mundo cristão por motivos religiosos. Esta é uma das afirmações de Jonh Locke, na carta atrás mencionada. Locke é, definitivamente, um defensor da tolerância, pois sustenta que devemos aceitar as opiniões dos outros sem superiorizar as nossas, ou seja, colocar todas as opiniões em pé de igualdade.

John Stuart Mill esclarece que uma pessoa intolerante é alguém que deseja que os outros vivam e se comportem como ela compreende que os outros devem actuar, impondo-lhes, assim, as suas práticas e convicções. No entanto, não é a favor da intolerância, muito pelo contrário. Admitindo que a diferença é favorável ao desenvolvimento social e dos cidadãos, determina que ninguém possui o direito de impor a outro como deve ser e como comportar-se. Mas devemos estabelecer limites a esta tolerância, para que não se torne paradoxal, ou seja, para que não estejamos a ser intolerantes ao reprovar a intolerância. Esta é uma crítica muitas vezes feita à tolerância, já que, levada ao exagero, obrigará o tolerante a tolerar o intolerante.

Assim, devemos tolerar, mesmo que não aceitemos ou achemos incorrecto. Ao mostrar-se ofendido pelas acções de outrem, o cidadão já se deixou envolver em demasiado, o que poderá prejudicar a vida civilizada.
Sofia e Élia

3 comentários:

helena disse...

Élia e Sofia

Li o vosso texto várias vezes e esta questão da tolerância /intolerância é muito complexa.
No dia a dia na minha prática, neste país onde há "cidadãos" que ainda cospem no chão e na actualidade mundial e a nível geopolítico o que é tolerável ou não para os diferentes países!...
Porque para mim tolerância tem limites, serei intolerante?
helena

Anónimo disse...

É importante que sejam bem definidos os limites a dar à tolerância, bem como aqueles a dar à intolerância. Como tudo, é necessário que exista um meio termo que soluccione os problemas previstos!. Porque, obviamente, tudo o que é em exagero acaba por prejudicar sempre alguma das partes.
Um beijinho

Soledade disse...

É de facto muito difícil estabelecer a fronteira. Vivemos a tolerância como um paradoxo. E por não ter solução, deixo-vos a citação de um homem para quem a tolerância foi basilar. Chamava-se Voltaire e viveu no século XVIII. Escreveu: «Posso não concordar contigo. Mas darei a minha vida para que tenhas o direito de pensar como pensas.»